Concurso de redações do Movimento Ecos

      



       O Movimento Ecos é um iniciativa com foco socioambiental, desenvolvido pela Escola Dom Helder Câmara de Direito, que tem um caráter de obra social, atuando no âmbito comunitário. Com isso, em conjunto com as escolas, o movimento busca construir uma educação transformadora, trazendo ideias e projetos que promovam para os alunos reflexão e consciência social. A FUNEC Xangrilá é uma das escolas que acredita nas iniciativas desenvolvidas por esse projeto.

    No contexto pandêmico em que vivemos, todas as atividades desenvolvidas pelo projeto tiveram que ser online. Dessa forma, a proposta para a reflexão dos alunos nesse ano foi um concurso de redação, no gênero dissertativo-argumentativo, realizado entre as escolas participantes do projeto. O objetivo era discorrer sobre o tema "Afastamento social promovido pela covid 19 e seus reflexos na sociedade e no mundo". Foram realizadas lives com os organizadores do projetos, professores e alunos, para discutir o tema e como seriam feitas as redações. 

    O concurso foi promovido de julho à dezembro, sendo, ao final, selecionadas três redações para concorrer com as demais escolas. Apesar de nenhum dos alunos da nossa unidade terem sido premiados, acreditamos que a participação no projeto foi extremamente enriquecedora para todos. Aprendemos muito! 

    Agradecemos a todos os alunos que se empenharam dedicaram seu tempo para redigir as redações, assim como os professores, a pedagoga Verinha e o diretor Hércules, que abraçaram o projeto com todo carinho. Deixamos aqui as três redações selecionadas para concorrer e parabenizamos esses e todos os alunos que escreveram ótimos texto. 


Texto da aluna Júlia Roberta: 

Sociedade adoecida

 Os diversos conflitos internos e externos vivenciados por indivíduos, cotidianamente, tornaram-se ainda mais nítidos no cenário atual no qual é mais do que imprescindível o isolamento social em decorrência da pandemia da COVID-19, chamando assim a atenção para o debate sobre tais dilemas contemporâneos e como saná-los.

 Uma mazela social que vem se intensificando é a violência doméstica contra a mulher. O ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos estima que o número de casos aumentou cerca de 40% em relação a 2019 e há uma série de fatores os quais corroboram esse dado. O confinamento com o agressor durante todo o período do dia, a quebra do contato social e a diminuição ou até mesmo a perda completa da renda familiar, são estopins para que o agressor cultive uma dominação psíquica ainda maior e alimente a depedência da vítima. Além disso, a falta de acesso à internet e o impedimento de sair de casa contribuem para uma subnotificação de denúncias. 

Cabe destacar também o desgaste psicológico que acomete as pessoas devido a um conjunto de incertezas para com o futuro ou até mesmo pela falta de convívio social, levando assim à debilitação da saúde mental. Tal momento inédito para a população gera mudanças nas mais variadas esferas, seja causando uma alta nos casos de ansiedade e depressão, como denota um artigo publicado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) indicando uma duplicação dos casos e um aumento em 90%, respectivamente. 

É explícito que, de diferentes modos, uma parcela da população encontra-se adoecida frente a esse panorama e cabe ao Governo Federal mediar tais questões por meio de uma gestão pública condizente às questões elencadas. A ampliação do Sistema Único de Saúde (SUS) no meio virtual é uma alternativa que visa conceder apoio psicológico mais abrangente aos cidadãos. No mais, são de suma importância medidas como a elaboração de emendas, por parte do Congresso Nacional, que objetivem a aplicação de sanções mais rígidas aos agressores, como também a expansão de serviços móveis de segurança pública os quais proporcionem a realização dos registros de ocorrências sem a necessidade de um grande deslocamento urbano.

Texto da aluna Wanessa Lina:

O mundo e a nova realidade 

O agradável e o necessário podem não andar juntos e ao afastamento social atual cabe essa observação. Depois que o mundo se modificou devido ao Novo Coronavírus, o normal se transformou e juntamente a isso vieram vários desafios. E um dos maiores obstáculos é o isolamento. 

Surpreendentemente, com o objetivo de justificar a necessidade da vivência coletiva no século V a.C, Aristóteles em sua obra “Política”, diz que: “o isolamento significa o rompimento da humanidade e quanto mais interação existir, mais humanos os indivíduos se tornam”. Contextualizando a obra com o momento atual é perceptível a existência de uma analogia. Há mais de uma década que as pessoas contam com os mais variados recursos de comunicação via internet, porém por mais que estes tenham o objetivo de manter as pessoas conectadas, eles não são capazes de suprir a carência provocada pela ausência da interação física. 

A ausência de contato físico pode gerar desgastes emocionais, resultando em um “isolamento psicológico”. De acordo com a coluna Saúde, da Revista Veja, as buscas relacionadas à ansiedade e depressão aumentaram durante esse período pandêmico, o aumento da incidência desses transtornos mentais é resultante do atual distanciamento. Algumas pessoas se isolam de maneira mais agressiva, considerando-se sozinhas e mais presas em si mesmas. 

Distanciar não está sendo fácil voltar ao novo normal também não será considerada uma ação simples. O Governo Federal deve investir mais na área da saúde com o objetivo de adquirir um maior número de profissionais ligados à área de saúde mental, preparados para atender à população confinada, inclusive via internet, antes da grande e expectável retomada da vida pós-coronavírus.

Texto da aluna Dayane Almeida: 

Silenciamento no isolamento social

 Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o isolamento social é a melhor medida de contenção da pandemia da COVID-19. Embora seja uma conquista, os problemas existentes devido a esse isolamento são visíveis dado que o mundo não estava preparado para tamanha dificuldade. 

Dessa forma, em razão de pouco se falar sobre os problemas que a pandemia trouxe para diversas famílias e também com a chegada da Educação a distância diante do fechamento das escolas, para as famílias mais pobres emerge então uma questão que necessita ser olhada com mais atenção. 

Primeiramente, é preciso salientar que a omissão das dificuldades surgidas devido à pandemia é um problema latente nesse atual contexto. Segundo Foucault: “na sociedade pós-moderna, muitos temas são silenciados para que estruturas sejam mantidas”. Diante disso, vê-se uma lacuna em partes do debate sobre o isolamento social, contribuindo para a falta de conhecimento da população sobre questões sociais relevantes. 

As desigualdades socioeconômicas evidenciaram-se durante a pandemia, a falta de condições para o estudo on-line tornou-se uma realidade para vários alunos. Sob essa lógica há uma lacuna no âmbito educacional. O isolamento social possibilitou verificar-se mais nitidamente a existência desse fato, uma vez que não há oportunidade de educação de qualidade para todos, persistindo um problema pertinente. 

Portanto, uma intervenção faz-se necessária. É preciso que o Governo Federal promova distintas formas de possibilitar o estudo a distância e a realização das atividades escolares pelos alunos carentes. A atuação da mídia em ampliar a veiculação de programas educativos para a população também se faz pertinente. A partir disso, no futuro poderão ser amenizados os impactos causados por situações adversas sobre as desigualdades.

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