Casamento Gay

Apresentamos um trabalho desenvolvido na aula de História no primeiro semestre de 2013.
São alguns textos utilizados para discutir o tema casamento gay com as turmas, bem como as anotações que o professor fez das redações dos alunos.
Nas palavras do professor Altair:

"Só apresentei os textos como subsídio às discussões, após os alunos terem já expressado a opinião/posição através da redação. Que  não mudou muito, a marca mais forte das opiniões/posições é o preconceito e a discriminação.

No entanto eles gostaram de discutir o tema, até porque pude argumentar com eles que a homossexualidade está dentro do espectro da sexualidade humana. E, que ao discutirmos e refletirmos sobre homossexualidade estamos entrando num terreno muito amplo e complexo chamado "moral sexual"". 
TEXTO I

“Deus criou o homem e a mulher para que se unam. O casamento gay vai contra o plano de Deus”?

— No Brasil, como no resto do mundo, tem pessoas que acreditam em Deus e tem outras que não acreditam. Alguns acreditam num único Deus, outros em vários deuses e em outras entidades. Tem pessoas que acreditam no mesmo Deus, mas de formas diferentes. E tem pessoas que, a partir da própria fé, leem e interpretam os textos sagrados de suas religiões — por exemplo, a Bíblia — de diferentes maneiras. Há muitos debates teológicos sobre o que esses textos dizem — ou não dizem — a respeito da homossexualidade. Todas as crenças são legítimas e devem ser respeitadas, mas não devem interferir no debate das leis civis. O sistema político adotado pela Constituição brasileira é a democracia e não a teocracia, sistema que impera, por exemplo, no Irã, onde os homossexuais são condenados à morte por leis baseadas numa leitura fundamentalista do Alcorão. As leis devem levar em consideração os direitos dos que creem — de uma ou de outra maneira — e dos que não creem. Por isso é importante distinguir o casamento civil do casamento religioso: o primeiro é regulado pelas leis civis e deve ser para todos e todas, o segundo é regulado pelas leis de cada igreja, que podem ser diferentes entre si. Por outro lado, não podemos esquecer que outros direitos foram negados, em distintas épocas, em nome de Deus. Em meados do século XX, nos EUA, uma sentença de um juiz de Virgínia justificou a proibição do casamento entre pessoas brancas e pessoas negras com o seguinte argumento: “Deus Todo-poderoso criou as raças branca, negra, amarela, malaia e vermelha e as colocou em continentes separados. O fato de Ele ter separado as raças demonstra que Ele não tinha a intenção de que as raças se misturassem”. Em nome de Deus foram negados os direitos das mulheres (que, segundo a Igreja, não tinham alma), foram massacrados os índios (que não eram pessoas), escravizados os negros (que eram uma raça inferior) e perseguidos os judeus (que eram infiéis, porque negavam Jesus Cristo). Ao longo da história, muitas vezes, os homens têm se desculpado pelos seus próprios preconceitos, atribuindo-os a Deus, como se a culpa fosse dele.


A legalização do casamento gay vai destruir a família?

— Falso. A legalização do casamento gay vai incluir milhares de famílias que hoje estão excluídas. Essas famílias vão receber a proteção do Estado e o reconhecimento jurídico — e também simbólico — de uma instituição que, além de assegurar uma séria de direitos civis, sociais e econômicos fundamentais, tem efeitos ordenadores em nossa cultura. A Constituição brasileira deixa em claro que a finalidade do casamento civil é a proteção da família. E essa proteção e o direito de todas as pessoas a contrair matrimônio são reconhecidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (art. 16), pela Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (art. VI), pelo Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (art. 23), pela Convenção Americana sobre direitos humanos (art. 17) e pelo Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (art. 10), de modo que a proibição do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo é uma violação ao direito humano a contrair matrimônio e ao direito humano a receber a proteção estatal para a família. Existem milhares de famílias formadas a partir da união de dois homens ou de duas mulheres, que não estão recebendo a proteção que o Estado é obrigado a garantir. A partir da legalização do casamento gay, essas famílias serão incluídas, sem que isso prejudique de forma alguma as famílias formadas a partir da união de homem e mulher. Muitos ganham, mas ninguém perde.

A finalidade do casamento é a procriação?

— Falso. Se assim fosse, o casamento deveria ser proibido às pessoas estéreis, aos anciãos e às mulheres depois da menopausa. Seria necessário se instaurar um exame de fertilidade prévio e cada casal deveria jurar que vai procriar, sob pena de nulidade se não assim não fizer num certo prazo. Por outro lado, muitos casais de lésbicas recorrem a métodos de fertilização assistida e tem muitos gays com filhos, naturais ou adotivos. Mas a finalidade do casamento é outra: as pessoas se casam porque se amam, têm um projeto de vida em comum e querem receber a proteção da lei. Algumas pessoas casam e nunca procriam, porque não podem ou não querem, enquanto outras têm vários filhos sem casar nunca.



TEXTO II  

Parisienses protestam contra legalização do casamento homossexual
© Agência Lusa26.05.2013 - 18h20 | Atualizado em 26.05.2013 - 20h01
Paris – Cerca de 150 mil pessoas, segundo a polícia, protestaram hoje (26) à tarde em Paris contra a recente legalização do casamento homossexual, em uma manifestação fortemente vigiada pela polícia pelo receio de distúrbios. Os organizadores esperavam mais de 1 milhão de manifestantes.
A lei que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma das promessas eleitorais do presidente socialista François Hollande, foi aprovada pelo Parlamento em 23 de abril e promulgada em 18 de maio, depois de meses de protestos em todo o país.
Cerca de 4.500 polícias foram mobilizados para acompanhar a manifestação, para a qual milhares de pessoas de toda a França viajaram para Paris. O ministro do Interior, Manuel Valls, advertiu para o risco de os chamados “ultras”, na maioria nacionalistas de extrema-direita, se infiltrarem no protesto e provocarem distúrbios, e aconselhou os pais a não levarem crianças para a manifestação. Mas muitos ignoraram o aviso e entre os manifestantes viam-se várias crianças.
Quatro desfiles, três organizados pelo movimento Manif para Todos e um pelo Instituto Civitas, próximo dos católicos conservadores, partiram de quatro praças diferentes da capital francesa com destino ao centro. Até o meio da tarde, o único incidente registado envolveu ativistas da extrema-direita, que por breves momentos, subiram ao topo do edifício da sede do Partido Socialista para suspender uma faixa em que pediam a saída do presidente.
 

TEXTO III
Casamento gay no mundo

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, o casamento homossexual foi legalizado em 12 estados (Connecticut, Iowa, Maine, Maryland, Massachusetts, New Hampshire, Nova York, Vermont, Washington, Rhode Island, Delaware e Minnesota) e no distrito de Columbia. Sete estados (Colorado, Havaí, Ilinois, Nevada, New Jersey, Wisconsin e Oregon) admitem uma forma de união civil que confere os mesmos direitos assegurados pelo casamento. O restante dos estados americanos restringe o casamento a heterossexuais.

França
Depois de ser aprovada pelo Senado e pela Assembleia Nacional em abril, a lei que permite o casamento entre homossexuais foi considerada constitucional pelo Conselho Constitucional francês em maio. Com a validação, esgotaram-se todos os recursos que poderiam ser apresentados pela oposição para barrar sua promulgação. A reforma era uma promessa do presidente François Hollande, que provocou protestos nas ruas do país. A norma passará a valer no dia 1º de julho e estende o direito à adoção aos casais homossexuais.

Grã-Bretanha
A Câmara dos Comuns aprovou em fevereiro um projeto que legaliza o casamento gay no País de Gales e na Inglaterra. O texto ainda terá de passar pela Câmara dos Lordes. A Escócia está estudando uma proposta sobre o tema. Na Irlanda do Norte, não há planos de adotar uma legislação semelhante. A proposta permite a realização de cerimônias civil e religiosa, mas não obriga as organizações religiosas a realizar cerimônias de casamento entre pessoas do mesmo sexo. A lei atual limita o matrimônio a um compromisso entre um homem e uma mulher. Desta forma, os críticos argumentam que, mesmo se o casamengo gay for legalizado, haverá um vácuo em relação a outros mecanismos fundamentais, como o divórcio em caso de adultério, que não seriam aplicados ao casamento gay.
Uruguai
No dia 10 de abril, a Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou a lei do casamento gay no país. O projeto já havia sido aprovado pelo Senado na semana anterior, mas voltou para a câmara baixa depois de mudanças no texto. A lei prevê que o matrimônio será “a união permanente entre duas pessoas de igual ou distinto sexo”. Nos últimos seis anos, o Uruguai legalizou a união civil de homossexuais - sem dar o status de casamento - e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo. Em junho de 2012, a justiça uruguaia reconheceu um casamento entre dois homens celebrado na Espanha.
Argentina
A Argentina aprovou o casamento gay em 2010. Com a aprovação, os casais homossexuais ganharam direito à herança e adoção e o Código Civil foi reformado - o termo “marido e mulher” foi trocado por “contraentes”. A proposta contou com o apoio do governo de Cristina Kirchner, mas foi combatida pelo ex-cardeal Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco. À época, o arcebispo de Buenos Aires considerou a lei “um ataque destrutivo ao plano de Deus”. Cristina defendeu a mudança, dizendo que os líderes católicos não reconheciam como a sociedade argentina se liberalizou. 

Brasil
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal reconheceu, em 2011, a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Os ministros consideraram que, mesmo sem menção no texto constitucional, os direitos civis de casais do mesmo sexo não poderiam ser negados. Em maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução que proíbe os cartórios de se recusarem a realizar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e os obriga a aceitar os pedidos de conversão de união estáveis em casamentos. Até então, a concessão do direito ficava a critério de cada cartório e muitos casais precisavam levar seus pedidos à Justiça.


Argumentações - Casamento gay- Unidade Xangri-lá
1º ano A: Placar: Contra: 07 – Favorável: 05 – Abstenção: 06
- “como é que uma pessoa do mesmo sexo tem amor, tesão ou afetividade com outra de um mesmo sexo?
-“Prá mim o mundo esta começando (sic) a acabar.”
-“eu acho que Deus fez” o homem e  mulher para reproduzir uma família.”
-“a criança quando entrar na escola vai se sentir diferente.”
- “não só “eu tem” (sic) o pé atrás.”
- “não sou obrigado a ver essas cenas no dia-a-dia”.
-“eu acredito na conversão dessas pessoas”.
- “Deus criou o homem e a mulher para formar um par.”
- “como um homem vai fazer um filho com outro homem? e na hora que eles for fazer (sic) sexo não vão ter nenhum prazer em fazer sexo.”
-“eu não tenho nada contra a pessoa, eu sou contra a decisão da pessoa, ou seja o ato de praticar a homossexualidade.”
-“já convivi com gays e nem por isso tive vontade de vomitar.”
- “Deus criou o homem e a mulher.” I I I 
-“não concordo que um casal gay adote filhos, pois isso pode influenciar a criança.”
- “Feio é ver casais heteros junto sem amor.”
1º ano B: Placar: Contra: 15 – Favorável: 05 – Abstenção: 01
-“transgride uma lei feita por Deus.”
-“também o trauma que pode causar a uma criança que foi criada em um meio radical, ver dois homens ou mesmo duas mulheres se beijando em público pode até atrapalhar os princípios de vida da mesma.” I I
-“Deus fez a mulher para o homem, não fez homem com homem.” I I I I
-“todo casal gay quer um filho, como a criança vai se adaptar com uma coisa assim.” I
-“um casamento só pode ser celebrado entre um homem e uma mulher.”
-“pois se dois gays casarem eles vão querer adotar órfãos, e essas crianças vão crescer revoltadas.”
-“agora homem com homem e mulher com mulher, isso para mim é uma barbaridade.
-“Deus fez o homem e a mulher para no coito aumentar (sic) seus dependentes.”



1º ano C: Placar: Contra: 13  - Favorável: 07 – Abstenção: 00
-“Deus criou o homem e a mulher para ser uma só carne.” I I I
-“legalizando esse casamento haverá mais gays no mundo, diminuído o número de pessoas.”
-“com o aumento dos gays vai diminuir as crianças e não poderão ser adotadas.”
-“a criança cresce vendo isso e fica querendo ser.”
-“também não acho certo o homem crescer e trocar (sic) o pinto por perereca.”
-“o casamento gay vai encorajar pessoas a serem gays.”
-“obviamente pais gays só criam filhos gays, assim como casais heteros só criam filhos heteros.”
-“os valores de uma única religião tem que ser impostos sobre todas as pessoas do país inteiro. É por isso que temos apenas uma religião no Brasil.”
-“eu não aceito o fato deles serem gays.”
-“ser gay deve ser muito nojento.”
-“muita gente fala que concorda porque não sabe o dia de amanhã, ou seja, se possa (sic) ter um filho gay no futuro.”
- “acho que nem deveria haver homossexuais no mundo.”
-“contanto que eles façam as safadezas deles bem longe de mim, tudo bem.”
-“nós não temos que agüentar casais do mesmo sexo andando pela rua de mãos dadas, beijando em lugares públicos. (...) Eu tenho o direito de não tolerar isso.”
- “eu não concordo, pois isso é ruim para a imagem do Brasil.”
-“não concordo com a pouca vergonha dos gays.”
-“o casamento gay é contra as leis de Deus.”
-“as mulheres (sic) são coisas ou uma das coisas indispensáveis na vida do homem.”
-“até porque não existem frutos em um relacionamento gay.”



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